OS GÊMEOS: OBRAS INIGUALÁVEIS NO STREET ART 

Artistas inigualáveis do street art, OS GÊMEOS

“Quando éramos crianças, pintávamos porque não gostávamos do mundo”, dizem os irmãos Pandolfo. Hoje eles são um fenômeno da arte de rua e até expõem na Espanha.

Onde nascem “Os gêmeos”

Para qualquer criança nascida em meados da década de 1970 no bairro do Cambuci, em São Paulo, a vida consistia basicamente em brincar na rua. Essa inércia abraçou irremediavelmente os gêmeos Otávio Pandolfo e Gustavo Pandolfo, nascidos em 1974 e idênticos como duas ervilhas em uma vagem. 

“O Cambuci é um dos bairros mais antigos da cidade. Durante muitos anos foi o motor industrial de São Paulo e, consequentemente, o destino preferido dos imigrantes, especialmente espanhóis e italianos, que vinham para o Brasil para ganhar a vida”, diz Gustavo, “Nós, crianças, brincávamos na rua para nos distrair. Muitas vezes íamos com os nossos amigos para as fábricas abandonadas, onde podíamos circular livremente. E foi lá que começamos a pintar, da forma mais lúdica possível, como uma extensão da mesma brincadeira. 

Em 1984, quando tínhamos dez anos, descobrimos a cultura hip-hop, que teve um grande impacto sobre nós, então decidimos levá-la a sério e montamos nosso ateliê em nosso próprio quarto. Lá, dávamos forma às ideias que depois pintávamos na rua”, lembra ele.

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Assim, em 1987, aos treze anos de idade, Gustavo e Otávio já eram reconhecidos como grafiteiros de sucesso. Essa história contém a semente de OsGemeos, a marca com a qual a dupla se estabeleceu como um dos fenômenos de arte urbana mais seguidos, admirados e imitados do mundo. 

O trabalho deles já entrou há muito tempo nos principais museus por direito, e agora, até 4 de dezembro, o CAC Málaga está hospedando sua primeira exposição individual na Espanha, com curadoria de Fernando Francés, sob o sugestivo título When the leaves turn to yellow (Quando as folhas se tornam amarelas).

Otavio observa que o nascimento do hip-hop lhes deu “uma cobertura muito significativa”. “Era uma área com a qual nós, jovens, podíamos nos identificar. De fato, São Paulo é uma das cidades com mais arte urbana e um dos lugares onde o hip-hop penetrou mais profundamente”.

 

O MUSEU E A RÚA 

Os artistas levam muito a sério a distinção entre o trabalho de rua e seus projetos para museus. Como explica Gustavo, “partimos de premissas diferentes: se fizermos uma pintura na rua, qualquer pessoa que estiver passando poderá vê-la. Quando trabalhamos em um museu, tentamos aproveitar ao máximo o espaço, o que é sempre muito estimulante, embora saibamos que as pessoas do nosso ambiente virão ver a exposição, acima de tudo, com a mesma sensibilidade que nós”.

When the leaves turn to yellow reúne vinte obras realizadas entre 2006 e 2022, além de duas peças criadas expressamente para a exposição: uma instalação feita com alto-falantes e com o protagonismo absoluto da música (os irmãos Pandolfo também são produtores musicais e DJs) e um mural efêmero que será removido no final da exposição.

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O amor atemporal.

Nas pinturas de OsGemeos, os visitantes encontrarão os personagens característicos da dupla, figuras em uma atitude expectante, quase abstrata, com formas estilizadas ou grotescas e inseridas em paisagens oníricas, em cores muito vivas, entre as quais predominam o amarelo e o verde. 

Questionado sobre o conteúdo social dessas obras, Otavio ressalta que a intenção sempre foi a mesma: “Quando éramos crianças, pintávamos porque não gostávamos do mundo em que vivíamos, então nos dedicávamos a criar o nosso próprio. Agora, fazemos o mesmo”.

“Cada pintura é uma janela para o nosso mundo. A superfície pode ter mudado, costumávamos trabalhar na rua, agora trabalhamos em museus, mas nosso mundo ainda está lá, não mudou. Um artista deve, antes de tudo, ser livre”.

Embora formalmente OsGemeos distancie os museus da rua, Gustavo compartilha essa mesma linha de continuidade: “O grafite nos permitiu entender que podíamos mudar as coisas, o que não gostávamos. Vimos a arte como uma forma de mudar nossa cidade com uma energia transformadora. Quando pintávamos, queríamos mostrar aos nossos vizinhos que eles não estavam sozinhos, que tínhamos uns aos outros. E essa intenção permaneceu intacta”.

Otavio acrescenta: “Em pouco tempo, nosso ateliê deixou de ser nosso quarto e passou a ser a cidade inteira.

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Para OsGemeos, a arte é um relacionamento, uma conexão, a possibilidade de entender o outro, mesmo que esse outro pareça não ter nada a ver conosco. E é essa energia que acaba tendo um impacto social além do trabalho em si: 

“No início, no Cambuci, pintávamos à noite, para que ninguém nos visse. Mas, aos poucos, começamos a pintar na rua durante o dia, na frente de todo mundo. Tínhamos medo de represálias, mas, para nossa surpresa, as pessoas gostavam do que estávamos fazendo”. 

“Depois, é claro, o governo municipal vinha e apagava nossas pinturas, então voltamos a pintar. Portanto, havia uma sinergia muito concreta: nós pintávamos, as pessoas gostavam, o governo municipal apagava e tudo começava de novo. Sem perceber, com todos esses agentes envolvidos, estávamos dando vida à cidade”, explica Gustavo.

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Tudo em When the leaves turn to yellow obedece aos critérios do hip-hop: liberdade artística, conteúdo social, música (“Concebemos todas as nossas pinturas como se fossem temas musicais”, ressalta Otavio) e a essência utópica trançada com nuances próximas à fantasia, mas também a entrada em cena de códigos pessoais, à maneira de uma denominação de origem. 

Assim, embora o predomínio do verde e do amarelo pareça estimular uma certa alegria e esperança na paisagem geral (o amarelamento das folhas, como indica o título da exposição, deve ser entendido aqui como uma predisposição aberta ao futuro), os personagens, taciturnos, parecem se mover em um purgatório dantesco, à espera do cumprimento de todas as promessas. Spray ou pincel na mão.

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