MOVIMENTO TROPICALISTA: O QUE VOCÊ NUNCA OUVIU FALAR

Movimento tropicalista: um movimento musical

A revolução musical da Tropicália Brasil

Neste artigo, queremos apresentar a você uma das revoluções culturais mais importantes da qual você provavelmente nunca ouviu falar: Tropicália ou “tropicalismo”. Conhecer um pouco do movimento tropicalista pode aproximá-lo e dar-lhe uma melhor compreensão da cultura brasileira.

 

O que é o Movimento Tropicália?

A Tropicália ou “Tropicalismo” foi uma rica revolução multicultural que irrompeu no Brasil através da música.

A Tropicália não chegou a muitos museus, mas foi uma revolução tão forte que a música brasileira – e a política – nunca mais seriam as mesmas.

Você pode nunca ter ouvido esse nome antes, mas pode ter se deparado com alguma arte que saiu do movimento Tropicalismo, ou alguma música influenciada por ele.tropicalismo tem sido citado como influência pela rocha músicos como David Byrne, Beck, The Bird and the Bee, Arto Lindsay, Devendra Banhart, El Guincho, Of Montreal e Nelly Furtado.

O QUE SIGNIFICA LOLLAPALOOZA?

Mas como é que a Tropicália começou?

A Tropicália começou no final dos anos 1960. Todo o mundo ocidental estava passando por uma mudança cultural. Os EUA estavam envolvidos em uma guerra no Vietnã, enquanto os jovens se reuniam no movimento hippie e endossaram a paz e o amor.

Na América do Sul, a cultura popular brasileira passava por uma reviravolta mais drástica, quando o presidente democraticamente eleito do país foi ultrapassado pelos militares. Logo após assumir o poder, a ditadura militar censurou e congelou certas produções artísticas, especialmente aquelas que considerava críticas ao regime.

A ditadura militar no Brasil durou 21 anos, teve 5 mandatos militares e instituiu 16 atos institucionaismecanismos legais que foram criados em cima da constituição. Nesse período houve restrições às liberdades, repressão aos opositores do regime e censura ao material cultural. 

Ao mesmo tempo que essa importante mudança política, o Rock começou a entrar no Brasil vindo da América do Norte. Muitos artistas brasileiros estavam preocupados com a chegada do Rock no Brasil, vendo-o como uma invasão da música estrangeira e uma ameaça à cultura brasileira. Essas pessoas também criticaram o papel do governo dos EUA no apoio à ditadura. Alguns artistas até protestaram em uma marcha contra a guitarra elétrica- o que eles viam como um símbolo do imperialismo americano.

Foi nessa época que um dos cantores mais famosos do Brasil, Caetano Veloso, realizada no Festival Record de Música Popular Brasileira (o “Festival de Discos de Música Popular do Brasil”) – com a música Alegria, Alegria (“Joy, Joy”), que misturava ritmos brasileiros com rock de guitarra elétrica.

Caetano Veloso

A performance chocou o público, como pretendia Veloso. Gilberto Gil, outro dos músicos mais famosos do Brasil, apoiou Veloso com uma versão rock de sua música domingo sem parque (“Domingo no Parque”). Essas apresentações marcaram o início da Tropicália – uma espécie de fusão do rebelde rock’n’roll dos Estados Unidos com os ritmos nativos da música tradicional brasileira.

Tropicália quer unificar a cultura brasileira

A Tropicália foi iniciada por Caetano Veloso e também elaborada por ele. A letra da música dele Tropicália descreve essa fusão de pessoas e culturas em uma identidade multicultural brasileira. A música demonstra isso, misturando a influência dos ritmos africanos, com guitarras americanas e inglesas e uma bateria em estilo pop-rock. Por fim, Caetano e seus colaboradores criaram um “manifesto” para o movimento em forma de álbum:Tropicália: ou Panis et Circencis.

O tropicalismo redefiniu a música brasileira— que, até 1967, parecia ter tido seu auge com Bossa nova, uma mistura de jazz e samba. Com um estilo completamente novo, tropicalistas como Caetano Veloso e Gilberto Gil misturaram psicodelia com Maracatu, samba, pop e Capoeira. Ao fazer isso, eles se viam confrontando os gêneros musicais elitistas e as raízes mais conservadoras da Bossa Nova.

O tropicalismo tornou-se mais do que uma revolução musical, mas estética. Com colares, vestidos e maquiagens – símbolos que fugiam das normas da época sobre masculinidade e moralidade – artistas tropicalistas como Caetano Veloso tinham referências visuais riquíssimas.

Arnaldo Baptista, do grupo de rock Os Mutantes, usava roupas estilo Romeu e Julieta com um chapéu tradicional do nordeste brasileiro e um corte de cabelo que imitava os Beatles. Sua colega de banda, Rita Lee, vestia roupas coloridas, chapéus de bruxa, vestidos de noiva e símbolos do movimento americano flower power. Suas influências visuais iam do ícone brasileiro carmem miranda para de Andy Warhol pop art, sempre querendo ser exagerada, colorida, chamativa e forte – como a cultura brasileira.

Uma crítica da cultura dominante brasileira – e da política

O movimento tropicalista provocou transformações não só na música, mas também no cinema, no teatro e na poesia. O movimento visava desafiar as tradições restritivas e conservadoras do passado e desafiava as normas populares de moralidade e comportamento. Por meio dele, a contracultura hippie foi trazida para o Brasil, incluindo os símbolos da paz, a moda dos cabelos longos e cacheados e roupas de cores vivas.

Mais do que uma simples crítica cultural, foi uma crítica política. Uma canção do Veloso, É Proibido Proibir (“É Proibido Proibir”) foi uma crítica muito direta à censura da ditadura. As apresentações e shows tropicalistas alimentaram uma fogueira de resistência contra a ditadura militar. Em resposta, o governo respondeu tentando censurar os tropicalistas.

No final de 1968, Caetano Veloso e Gilberto Gil foram acordados pela polícia e levados para a prisão. Eles foram presos sem acusações, mantidos em confinamento solitário por meses e, finalmente, exilados na Inglaterra até o início dos anos 1970, quando foram autorizados a retornar ao Brasil.

O tropicalismo tornou-se um grito de liberdade em meio a uma cultura repressiva e ao regime mais tirânico da história do Brasil. Mas esse grito durou apenas um ano antes de ser reprimido pela ditadura militar. Ainda assim, sua vida curta teve efeitos duradouros: acendeu as brasas da contracultura que acabaria com a ditadura e mudaria a música brasileira para sempre.

Os 5 melhores artistas e álbuns para descobrir a Tropicália

Interessado em descobrir a música no centro desta revolução cultural e política? Reuni alguns dos clássicos aqui; basta escolher um artista, começar a ouvir e aprender um pouco mais de português. Aqui estão cinco dos melhores artistas e álbuns para descobrir a Tropicália.

1. Vários Artistas:Tropicália ou Panis et Circensis [1968]

O álbum representa o ápice do movimento tropicalista e reúne os maiores nomes do tropicalismo: Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil, Nara Leão, Os Mutantes e Tom Zé. Ouvir Pão e Circo (de Os Mutantes) como um bom ponto de partida.

2. Os Mutantes: Os Mutantes [1968]

Experimente o clássico Bebê para um gosto de Os Mutantes (“Os Mutantes”).

3. Tom Zé – A Grande Liquidação (1968)

Uma das faixas mais populares deste álbum de Tom Zé é São São Paulo e é um ótimo lugar para começar.

4. Gal Costa: gal costa (1969)

Confira especialmente Bebê neste clássico álbum de Gal Costa.

5. Novos Baianos: Acabou Chorare (1972)

Os Novos Baianos estavam entre as bandas mais famosas do Brasil. Confira a trilha deles Mistério do Planeta (Novos Baianos) por alguns de seus trabalhos que vêm diretamente do movimento Tropicália.

O Brasil é mais do que futebol, a floresta tropical e Carnaval. A cultura desse país do tamanho de um continente é uma rica fusão das culturas europeia, asiática e africana junto com as diversas comunidades indígenas. O Brasil criou algo único ao reunir todas essas influências. A Tropicália foi poderosa porque fez isso de uma nova maneira; fundiu o rock popular americano com sua própria linguagem e sons para criar algo completamente novo.

Língua e cultura estão interligadas; entender um ajuda a entender o outro. O movimento da Tropicália teve um efeito massivo não apenas na arte dos anos 1960, e não apenas na política, mas na forma como os brasileiros vemo-nos de fora.

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